Capitulo 1

Julieta caminhou para a entrada da escola, engoliu em seco, nunca se tinha sentido tão nervosa num primeiro dia de aulas. No ano anterior tinha criado imensas expetativas sobre este ano, pensava que iria ser mais um ano com a mesma turma, com os mesmos amigos. Mas estava enganada da sua antiga turma só a sua melhor amiga lá estava.

E agora... ali estava ela, apenas mais uma rapariga de 14 anos, em mais uma escola, em mais um primeiro dia de aulas e acima de tudo solteira.

Não sabia o que esperar do novo ano, se seria bom ou mau! A única certeza que tinha é que a sua melhor amiga estaria lá, para a apoiar com as suas inseguranças e medos. Será que iria ser um ano bom? Será que iria conhecer o tal?

Todos estes pensamentos passavam pela sua mente vezes sem conta a uma velocidade assustadoramente rápida enquanto via a sua melhor amiga Gabriela aproximar-se nos seus normais passos leves e a abanar o cabelo, mas com um sorriso estrondoso, por a ver!

- Olá! Tudo bem? – disse enquanto a abraçava – pareces um zombie, sorri um bocado, até parece que não estás contente por me ver!

- É claro que estou contente por te ver, só estou um pouco nervosa.

- Isso passa – passou a mão pelos seus longos cabelos loiros enquanto usava os seus olhos azuis para fazer olhinhos a alguém que estava atrás delas.

Julieta olhou desajeitadamente para trás:

- Mais um ano, mais uma paixoneta, ou serão cinco? – riu-se.

- Está calada! Não me digas que não reparas-te no mais alto, é lindo, olha só para aqueles olhos e o sorriso, posso apostar que ele olhou para mim!

Julieta voltou a olhar para o rapaz que ela tinha indicado, era de facto muito giro e apercebeu-se que ele se dirigia na sua direção.

O rapaz aproximou-se:

- Bom dia! Vejo que são novas por aqui.

- Sim somos. Dava-me jeito alguém que me mostrasse a escola. Alinhas?

- Porque não? A propósito, chamo-me Manuel, mas toda a gente me chama Manel.

- Eu sou a Gabriela, mas toda a gente me chama Gabi.

Mas quando ele ia apresentar-se a Julieta, Gabriela puxou-o pelo braço e começou a andar acenando com um grande sorriso a Julieta.

- Vemo-nos na sala, Juli.

- OK, Gabi – foi a única coisa que teve tempo de dizer, encolheu os ombros e foi procurar o seu cacifo. Estava sozinha outra vez.

- 221…222…223…224 – finalmente tinha encontrado o seu cacifo – Estava a ver que não.

Atirou desajeitadamente as coisas lá para dentro e começou a colar adereços à parte de dentro da porta do cacifo que era irritantemente monótona por fora. Uma foto com a Gabi, um calendário feito à mão, e post-its com frases e objetivos para o ano,  retirando o que dizia “Conhecer todos os cantos da escola com a Gabi”, riscou “com a Gabi” e voltou a cola-lo no seu devido lugar. Começou a organizar os livros quando foi interrompida por uma voz masculina que lhe causou um arrepio:

- Olá vizinha nº 224! – riu-se satisfeito – és nova certo?

- Sim, sou nova – o título nova era algo a que se tinha de habituar.

- Desculpa, não devia ter dito nova, sei o que isso é, também já fui “novo” – fez o sinal de aspas para salientar novo e de repente lembrou-se de algo – já agora, sou o Romeu.

Juli riu-se.

- Que tem?

- Julieta.

- sim eu sei o romance de Shakespear, toda a gente que eu conheço me fala disso – parecia aborrecido.

- Não é isso, o meu nome é Julieta.

- A ironia do destino – deixou Romeu escapar.

- Sim, pois a ironia… - sentiu-se corar e agradeceu terem-no chamado naquele momento.

- Vemo-nos por aí, isto é, se quiseres…

- Claro, quer dizer, seria bom.

Romeu afastou-se e ao  fechar o cacifo, Julieta foi arrancada dos seus pensamentos por uma nota em especial “ENCONTRAR O TAL”, abanou a cabeça, mal o conhecia.